Homem nervoso com a mão na cabeça: a sensação de ser regularmente dominado
pela tristeza ou pela raiva pode indicar algo mais profundo (Wikimedia Commons/)
Tudo o que lhe faz sentir oprimido ou te impede de funcionar direito merece a atenção de um terapeuta, assistente social ou psicólogo.
Todo
mundo passa por períodos de stress, tristeza, luto e conflito, então quando
você não se sente muito bem pode ser difícil saber se é hora de procurar um
profissional para lidar com o problema.
A
prioridade da comunidade psiquiátrica é identificar e atender aqueles que tem
doenças mentais diagnosticáveis, mas a ajuda psicológica para quem tem algum
problema que não seja tão óbvio pode ser igualmente importante. Além de sofrer
sem necessidade, quem está nessa situação pode ter o quadro agravado justamente
por falta de tratamento profissional. “Quanto mais cedo se procura ajuda, mais
fácil é resolver o problema”, diz o psicólogo Daniel J. Reidenber. “O
tratamento vai ser mais curto e menos estressante.”
Os
psicólogos atribuem a baixa procura por ajuda médica ao estigma e aos mitos
ligados à terapia: a ideia de que seja algo para gente louca, que a ajuda de um
profissional seja um sinal de fraqueza ou tome tempo e custe caro demais. Nada
disso é verdade, diz a psicóloga Mary Alvord.
“Um
tratamento não precisa envolver análise quatro vezes por semana; tenho
pacientes que vêm para apenas duas sessões ou para terapia comportamental
durante um ano”, diz Alvord. “As pessoas acham que vão se tornar prisioneiras
do tratamento, mas isso simplesmente não é verdade.”
“Existe
um estigma injustificado ligado às doenças mentais, e olhe que nem estamos
falando de uma doença mental”, diz Reidenberg. “Estamos falando apenas da vida
e das dificuldades dela. Os benefícios da psicoterapia [podem
ser vistos] mais como formas de aliviar o estresse, como exercícios físicos ou
uma alimentação correta – estratégias que podem ajudar no dia-a-dia e ajudar a
aliviar tensões.”
Então
quais são os sinais de que pode ser a hora de marcar uma consulta? Pedimos que
Reidenberg, Alvord e psicóloga Dorothea Lack indicassem a que sintomas devemos
estar atentos quando não nos sentimos muito bem.
A
principal conclusão? É apenas uma questão de avaliar sua capacidade de
tolerância – tudo o que lhe faz sentir oprimido ou te impede de funcionar
direito merece a atenção de um terapeuta, assistente social ou psicólogo.
1. Todas
as suas emoções são intensas
“Todo
mundo fica nervoso e triste, mas e a intensidade? E a frequência? Isso te
atrapalha ou prejudica a sua vida?”, pergunta Alvord.
A
sensação de ser regularmente dominado pela tristeza ou pela raiva pode indicar
algo mais profundo, mas é preciso prestar atenção a uma outra coisa: o
catastrofismo.
Quando um
desafio aparece de repente, você imediatamente se prepara para o pior? Esse
tipo de ansiedade extrema, em que as preocupações são desproporcionais e os
cenários pessimistas passam a se tornar cenários realistas, pode ser
profundamente debilitante.
“Pode ser
paralisante, levar a ataques de pânico e até mesmo a evitar as coisas”, diz
Alvord. “Se sua vida começa a se contrair porque você está se omitindo é
provavelmente a hora de procurar alguém.”
2. Você
passou por um trauma e não consegue parar de pensar no assunto
A dor de
uma morte na família, uma separação ou a perda do emprego podem ser suficientes
para exigir algum tipo de aconselhamento. “A tendência é achar que esse tipo de
sensação vai embora sozinha”, diz Alvord, lembrando que nem sempre este é o
caso. O luto pode nos atrapalhar no dia a dia e nos afastar dos amigos. Se você
perceber que está se distanciando, ou se seus amigos notarem o mesmo, talvez
seja a hora de procurar alguém para tentar entender como o evento ainda está te
afetando. Por outro lado, algumas pessoas reagem às perdas com uma reação mais
maníaca — buscam os amigos incessantemente e têm problemas para dormir. Estes
também são sinais de alerta.
3. Você
tem dores de cabeça recorrentes e inexplicáveis, dores de estômago ou baixa
resistência.
“Se
estamos emocionalmente abalados, o corpo pode ser afetado”, diz Alvord.
Pesquisas confirmam que o estresse pode se manifestar de diversas formas, de
problemas estomacais crônicos a dores de cabeças, resfriados e redução do
apetite sexual. Reidenberg afirma que há outros indícios menos frequentes, como
dores musculares repentinas (ou seja, não aquelas que aparecem depois da
academia) ou dores no pescoço.
4. Você
está usando alguma substância para aguentar o dia a dia
Se você
percebe que está bebendo ou usando drogas em maiores quantidades ou com maior
frequência — ou até mesmo pensando mais em bebidas ou drogas –, pode ser um
sinal de que você queira anestesiar algum tipo de sensação. Mas essa substância
pode não ser o álcool ou droga: pode ser comida. Reidenberg nota que mudanças
no apetite podem ser um sinal de que nem tudo está bem. Comer demais, ou de
menos, pode indicar estresse ou sinalizar que você não está querendo cuidar de
si mesmo.
5. Você
não está rendendo no trabalho
Mudanças
na performance no trabalho são comuns entre aqueles que enfrentam questões
emocionais ou psicológicas. Você pode se sentir desconectado do trabalho,
segundo Reidenberg, mesmo que antes gostasse do que faz. Além de afetar a
concentração e a atenção, você pode começar a receber críticas dos seus chefes
ou colegas. Pode ser um sinal de que é hora de buscar um profissional.
“Adultos
passam a maior parte do tempo no trabalho”, diz Reidenberg. “Então as pessoas
que reparam são aquelas que têm de compensar, como em uma família.”
6. Você
se sente desconectado daquilo que gostava de fazer
Se seus
clubes, encontros de amigos e família estão perdendo a graça, pode ser um
sintoma de que algo está errado, explica Reidenberg. “Se você está desiludido,
achando que nada faz sentido, buscar terapia pode ajudar a clarear o ar ou
procurar uma nova direção.”
7. Seus
relacionamentos estão desgastados
Você tem
dificuldades para explicar como realmente está se sentindo – ou mesmo para
identificar suas emoções? Se você se sente infeliz durante as interações com
aqueles que ama pode ser um candidato para uma terapia de casal ou de família,
diz Alvord.
“Podemos
ajudar as pessoas a escolher melhor as palavras – e ensinamos que não é só o
que você está dizendo que importa, mas também sua linguagem corporal e sua
atitude”, diz Alvord.
8. Seus
amigos dizem que estão preocupados com você
Amigos
podem perceber padrões que não conseguimos identificar nós mesmos, portanto é
importante considerar a perspectiva daqueles que estão à sua volta.
“Se
alguém que faz parte da sua vida diz algo como: ‘Você falou com alguém sobre
isso?’ ou ‘Você está bem? Estou preocupado com você’ – é um sinal de que você
provavelmente deveria ouvir o conselho”, diz Reidenberg.
Fonte: Exame.abril.com