segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Verdadeiro papel da Educação sob o olhar de Edgar Morin



Edgar Morin, filósofo francês, é referência mundial na área da educação. Morin fala sobre a necessidade de estimular o questionamento das crianças, sobre reforma no ensino e sobre a importância da reflexão filosófica não tanto para que respostas sejam encontradas, mas para fomentar a investigação e a pluralidade de possíveis caminhos.
Abaixo segue uma entrevista que ele concedeu ao site www.fronteiras.com a cerca desse tema. Vejamos o que pensa Morin sobre o verdadeiro papel da Educação:

O senhor costuma comparar o nosso planeta a uma nave espacial, em que a economia, a ciência, a tecnologia e a política seriam os motores, que atualmente estão danificados. Qual o papel da educação nessa espaçonave? 
Ela teria a função de trazer a compreensão e fazer as ligações necessárias para esse sistema funcionar bem. Uso o verbo no condicional porque acho que ela ainda não desempenha esse papel. O problema é que nessa nave os relacionamentos são muito ruins. Desde o convívio entre pais e filhos, cheio de brigas, até as relações internacionais — basta ver o número de guerras que temos. Por isso é preciso lutar para a melhoria dessas relações. 
O que é preciso mudar no ensino para que o nosso planeta, ou a nave, entre em órbita? 
Um dos principais objetivos da educação é ensinar valores. E esses são incorporados pela criança desde muito cedo. É preciso mostrar a ela como compreender a si mesma para que possa compreender os outros e a humanidade em geral. Os jovens têm de conhecer as particularidades do ser humano e o papel dele na era planetária que vivemos. Por isso a educação ainda não está fazendo sua parte. O sistema educacional não incorpora essas discussões e, pior, fragmenta a realidade, simplifica o complexo, separa o que é inseparável, ignora a multiplicidade e a diversidade.
O senhor então é contra a divisão do saber em várias disciplinas? 
As disciplinas como estão estruturadas só servem para isolar os objetos do seu meio e isolar partes de um todo. Eliminam a desordem e as contradições existentes, para dar uma falsa sensação de arrumação. A educação deveria romper com isso mostrando as correlações entre os saberes, a complexidade da vida e dos problemas que hoje existem. Caso contrário, será sempre ineficiente e insuficiente para os cidadãos do futuro.
Na prática, de que forma a compreensão e a condição humana podem estar presentes em um currículo? 
Ora, as dúvidas que uma criança tem são praticamente as mesmas dos adultos e dos filósofos. Quem somos, de onde viemos e para que estamos aqui? Tentar responder a essas questões, com certeza, vai instigar a curiosidade dos pequenos e permitir que eles comecem a se localizar no seu espaço, na comunidade, no mundo e a perceber a correlação dos saberes.
Mas uma pergunta como "quem somos?" não é fácil de responder. 
E não precisa ser respondida. É a investigação e a pluralidade de possíveis caminhos que tornam o assunto interessante. Podemos ir pelo social, somos indivíduos, pertencentes a determinadas famílias, que estão em certa sociedade, dentro de um mundo que tem passado, história. Todos temos um jeito de ser, um perfil psicológico que também dá outras informações sobre essa questão. Mas também somos seres feitos de células vivas, entramos na biologia—, que são formadas por moléculas,— temos então a química. Todas essas moléculas são constituídas por átomos que vieram de explosões estelares ocorridas há milhões de anos... E assim por diante. Sempre instigando a curiosidade e não a matando, como frequentemente faz a escola.
Como temas tão profundos podem ser tratados sem que a aula fique chata? 
É só não deixar enjoativo o que é por natureza passional. Um jornal francês de literatura fez uma pesquisa entre os alunos e descobriu que até os 14 anos os jovens gostam de ler e lêem muito. Quando vão para o liceu, lêem menos. É verdade que eles começam a sair mais de casa e ter outros interesses, mas um dos principais motivos é que os professores tornam a literatura chata, decupando-a em partes pequenas e analisando minuciosamente o seu vocabulário, em vez de dar mais valor ao sentido do texto, à sua ação. Nada mais passional do que um romance, nada tão maravilhoso quanto a poesia! Nada retrata melhor a problemática humana do que as grandes obras literárias. Os saberes não devem assassinar a curiosidade. A educação deve ser um despertar para a filosofia, para a literatura, para a música, para as artes. É isso que preenche a vida. Esse é o seu verdadeiro papel.
A literatura e as artes deveriam ter mais destaque no ensino? 
Sem dúvida. Elas poderiam se constituir em eixos transdisciplinares. Pegue-se Guerra e Paz, de Tolstói, por exemplo. O professor de Literatura pode pedir a seu colega de História para ajudá-lo a situar a obra na história da Rússia. Pode solicitar a um psicólogo, da escola ou não, que converse com a classe sobre as características psicológicas dos personagens e as relações entre eles; a um sociólogo que ajude na compreensão da organização social da época. Toda grande obra de literatura tem a sua dimensão histórica, psicológica, social, filosófica e cada um desses aspectos traz esclarecimentos e informações importantes para o estudante. Todo país tem suas grandes obras e certamente também os clássicos universais servem para esse fim.
O professor deve buscar sempre o trabalho interdisciplinar? Ele deve ter consciência da importância de sua disciplina, mas precisa perceber também que, com a iluminação de outros olhares, vai ficar muito mais interessante. O professor pode procurar ter essa cultura menos especializada, enquanto não existir uma mudança na formação e na organização dos saberes. O professor de Literatura precisa conhecer um pouco de história e de psicologia, assim como o de Matemática e o de Física necessitam de uma formação literária. Hoje existe um abismo entre as humanidades e as ciências, o que é grave para as duas. Somente uma comunicação entre elas vai propiciar o nascimento de uma nova cultura, e essa, sim, deverá perpassar a formação de todos os profissionais.
Como o professor vai aprender a trabalhar de forma conjunta? 
Ele vai se autoformar quando começar a escutar os alunos, que são os porta-vozes de nossa época. Se há desinteresse da classe, ele precisa saber o porquê. É dessa postura de diálogo que as novas necessidades de ensino vão surgir. Ao professor cabe atendê-las.
Como acontece uma grande reforma educacional? 
Nenhuma mudança é feita de uma só vez. Não adianta um ministro querer revolucionar a escola se os espíritos não estiverem preparados. A reforma vai começar por uma minoria que sente necessidade de mudar. É preciso começar por experiências pilotos, em uma sala de aula, uma escola ou uma universidade em que novas técnicas e metodologias sejam utilizadas e onde os saberes necessários para uma educação do futuro componham o currículo. Teríamos, desde o começo da escolarização, temas como a compreensão humana; a época planetária, em que se buscaria entender o nosso tempo, nossos dilemas e nossos desafios; o estudo da condição humana em seus aspectos biológicos, físicos, culturais, sociais e psíquicos. Dessa forma começaríamos a progredir e finalmente a mudar.
Como tratar temas tão profundos como o estudo da condição humana nos diversos níveis de ensino? 
Os professores polivalentes da escola primária são os ideais para tratar desses assuntos. Por não serem especialistas, têm uma visão mais ampla dos saberes. Eles podem partir da problemática do estudante e fazer um programa de ensino cheio de questões que partissem do ser humano. O polivalente pode mostrar aos pequenos como se produz a cultura da televisão e do videogame na qual eles estão imersos desde muito cedo. Já a escola que trabalha com os jovens deve dedicar-se à aprendizagem do diálogo entre as culturas humanísticas e científicas. É o momento ideal para o aluno conhecer a história de sua nação, situar-se no futuro de seu continente e da humanidade. Às universidades caberia a reforma do pensamento, para permitir o uso integral da inteligência.
Fonte: www.fronteiras.com

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Uma simples timidez ou Fobia Social?

As pessoas podem apresentar timidez, em maior ou menor grau, principalmente em ambientes novos, desconhecidos e com de pessoas estranhas. Encontros sociais, falar em público e começar em novo emprego, por exemplo, são situações em que a timidez costuma falar mais alto naturalmente. Apesar de ser normal sentir-se ansioso e inseguro em lugares e situações como essas, a tendência é que as pessoas vão se familiarizando com o local e, aos poucos, integrando-se com outras pessoas e fazendo novas amizades.
No entanto, há quem evite essas interações sociais ao máximo. São pessoas que ficam apavoradas com a ideia de ir a uma festa ou a qualquer outro evento social, pessoas que, de tanto medo que sentem, muitas vezes chegam ao ponto de evitar todo e qualquer tipo de contato social. Esse comportamento é característico de um distúrbio conhecido popularmente como fobia social, ou transtorno da ansiedade social.
Na fobia social a pessoa se sente ansiosa em "situações sociais", quando poderia se sentir observada pelos outros. A pessoa fica insegura, temendo pelo seu desempenho e preocupada com o que poderão pensar dela naquele estado. O grau de ansiedade pode ser muito intenso, podendo chegar a uma crise aguda de ansiedade.
As situações sociais temidas podem ser variadas, como escrever na frente dos outros, falar em público, comer em locais públicos, entrar em lugares cheios, ir a um evento social, fazer uma entrevista de emprego, encontrar um conhecido etc.
A fobia social pode ser classificada em dois subtipos. Um subtipo denominado generalizado, na qual a pessoa teme quase todas as situações sociais: conversar, namorar, sair em lugares públicos, falar, comer, escrever em público, etc. E um subtipo denominado não generalizado, ou restrito, no qual a pessoa teme uma ou poucas situações sociais específicas.
Durante a situação social a ansiedade tende a persistir levando a pessoa a enfrentar níveis altos de sofrimento. Quando sai da situação, a ansiedade tende a diminuir significativamente, o que reforça tendências de fuga e evitação de novas situações. 

A própria expectativa de ter que enfrentar situações sociais já pode ativar ansiedade, levando a pessoa a evitar estas situações temidas. Este comportamento de evitação pode ir limitando significativamente a vida da pessoa.

A fobia social se diferencia da timidez comum: 
·         Pelo grau de intensidade da ansiedade gerada antes e durante a situação social, e 
·         Pelo grau de prejuízos que traz à vida da pessoa, com comprometimentos que alcançam a esfera profissional, escolar e social. 

Por esta razão é também chamada de "timidez patológica".

Pelo caráter pouco conhecido deste transtorno, muitas pessoas só procuram ajuda quando seu quadro está associado a outros problemas. A fobia social tende a abalar a auto-estima da pessoa e pode contribuir para o desenvolvimento de depressão, abuso de álcool e drogas e outros quadros ansiosos.
A Fobia Social é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde como um transtorno psicológico. As pesquisas indicam que entre 4 e 12% de pessoas vão apresentar transtorno de ansiedade social em algum momento de suas vidas.

SINTOMAS
Os sintomas de ansiedade podem incluir palpitações, falta de ar, tontura, sensação de desmaio, enrubescimento, suor, embaçamento da visão etc.

Os sintomas situacionais podem variar como por exemplo, tremer e não conseguir escrever, gaguejar, travar a garganta e não conseguir engolir, sentir vontade de ir ao banheiro, dar um branco e não lembrar de algo importante, etc. Estas reações produzem forte insegurança, levando a pessoa a duvidar de sua capacidade de conseguir desempenhar a função social envolvida na situação.

TRATAMENTO

A Psicoterapia costuma demonstrar que a pessoa com fobia social tende a colocar muita importância na opinião dos outros. É como se a pessoa estivesse “des-centrada”, como se o centro de sua mente estivesse no olhar do outro e ela dependesse deste olhar do outro para ficar bem ou se sentir péssima. Há muita energia psicológica projetada neste olhar imaginário de fora. É necessário trazer a pessoa de volta, para o seu centro interno.



sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Dica de filme: Precisamos falar sobre o Kevin


Como virou costume, todas as sextas-feiras tenho postado uma dica de filme, ligado à psicologia, para que você, leitor deste blog, divirta-se no fim de semana. Hoje trago um filme para os admiradores da educação:

PRECISAMOS FALAR SOBRE O KEVIN
Estreia: 27/01/2012
Gênero: Drama, suspense
Duração: 112 minutos
Origem: Reino unido e Estados Unidos
Direção: Lynne Ramsay
Roteiro: Lynne Ramsay e Rory Kinnear
Distribuição: Paris filmes
Classificação 16 anos
Ano 2011


Sinopse


Eva coloca suas ambições e sua carreira de lado para dar a luz a Kevin. A relação entre mãe e filho é difícil desde seus primeiros anos. Quando Kevin completa 15 anos de idade, ele faz algo irracional e imperdoável aos olhos de toda a comunidade. Eva lida com seus próprios sentimentos de tristeza e responsabilidade. Será que ela já amou o filho? E o quanto do que Kevin fez é culpa de sua mãe?

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Emoções de fundo refletem a relação mente e corpo



Talvez você nunca tenha ouvido falar em emoções de fundo, mas com certeza já deve ter sentido. Segundo Antonio R. Damásio, neurocientista, “certas condições de estado interno engendradas por processos físicos contínuos ou por interações do organismo com o meio, ou ainda por ambas as coisas, causam reações que constituem emoções de fundo”.

Quando dizemos que estamos tensos, cansados, com energia ou vitalidade estamos nos referindo às emoções de fundo, que muitas vezes são difíceis de serem identificadas por se constituírem um estado contínuo na pessoa e fazerem parte do mundo interno e não externo. Então, as emoções de fundo se originam  a partir dos próprios estados internos do organismo. assim, como esses estados são contínuos, as próprias emoções de fundo se tornam também contínuas.

As emoções de fundo estão relacionadas com níveis mais profundos de consciência. Esses níveis estão profundamente arraigados aos estados internos do organismo, eles se referem à qualidade do equilíbrio do próprio organismo. Sendo assim, podemos falar que este tipo de emoção constitui-se a mais próxima de uma “identidade emocional”. A mudança destes estados sobrevive, segundo Damásio, até mesmo à doenças neurológicas.



Os pacientes com mal de Alzheimer, por exemplo, os familiares de alguns deles dizem que as pessoas, mesmo com a doença, mantém o estado de espírito, ou seja, se são calmas, tendem a ficar calmas. As mudanças no estado de humor, em geral, associam-se ao agravamento da doença, momento em que os núcleos do cérebro responsáveis pela manutenção dos estados internos começam a ser profundamente afetados.

As emoções de fundo são, portanto, um excelente objeto de estudo – embora tenham sido pouco estudados – sobre a relação entre mente e corpo. Mais precisamente falando, podemos dizer que, uma vez que estas emoções falam sobre o estado do corpo, elas nos revelam quem a pessoa é em termos biológicos. A dificuldade no trabalho com estas emoções é que determinar o que as ativa exige um alto nível de conhecimento interno nem sempre possuído pelas pessoas.

Porém, embora difíceis de serem estudadas, essas emoções também são extremamente importantes por funcionarem como um “pano de fundo” no qual outras emoções ocorrem. Não é difícil de compreender: um dia em que você está fadigado por ter tido uma péssima noite de sono é muito diferente do que um dia em que você teve uma ótima noite de sono e acordou com “bom humor”. As emoções de fundo vão um pouco além, é como se elas falassem não apenas da noite mal dormida, mas como o seu corpo está depois de uma noite mal dormida.

Pessoas depressivas, por exemplo, relatam sensações de fadiga e cansaço, além de dores durante muito tempo. Compreender que estas sensações perceptíveis no corpo, na fala, na qualidade da “energia” da pessoa não são apenas fenômenos psíquicos, mas também biológicos é fundamental para, por exemplo, realizar uma terapia. As emoções de fundo nos fazem refletir, de uma maneira muito forte, sobre o trabalho com o corpo “propriamente dito”, no sentido de influenciar a sua dinâmica interna e estes estados afetivos que estão tão arraigados no indivíduo.

O trabalho com a identidade vai além do exercício psíquico pois a própria personalidade repousa sobre um fenômeno biológico que precisa ser levado em conta. Há mais na psique do que ela própria, seu substrato corporal precisa ser integrado e o estudo das emoções de fundo é uma perspectiva interessante para este estudo.

Fonte: www.psiconlinews.com

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

UM LIVRO QUE FUNCIONA COMO GUIA PARA ENTENDER AS ATITUDES DAS CRIANÇAS.


Angústia e desespero são sentimentos vivenciados por pais que não conseguem compreender as atitudes dos filhos. O Livro de Cristina Valente, "O que se passa na cabeça do seu filho", ensina a lidar com a situação


Elas fazem birras, fingem que não ouvem, respondem mal, recusam-se a ir para a cama, mentem, ficam em silêncio, isolam-se; o por quê? Julgamos ser muita coisa. Mas o certo é que o que se passa na cabeça dos filhos é um mistério para muitos pais. Partindo de um dos maiores desafios da educação, que é entender e descodificar as atitudes dos mais novos, a psicóloga Cristina Valente lançou recentemente um guia para "entender os comportamentos de oposição, decifrar silêncios e aprender a comunicar" com crianças e adolescentes.

Entre os comportamentos de oposição que mais aborrecem os pais, a psicóloga destaca três: "O responder torto, fingir que não ouvem e mentirem." Geralmente, são entendidos como "maus comportamentos", mas devem ser vistos como "pedidos de ajuda" e "sinais de que alguma coisa não corre bem", pois as crianças sabem o que sentem, mas nem sempre conseguem comunicá-lo. Configura-se, então, em uma falha na comunicação entre pais e filhos."

No livro, a psicóloga identifica os comportamentos que os pais veem, o que pensam que é, o que na verdade é e o que podem fazer. A mentira, por exemplo, é vista como "um traço de personalidade" que pode transformar a criança num "mentiroso compulsivo." Contudo, ela explica que, "as mentiras fazem parte do desenvolvimento da criança", sendo que, na maioria das vezes, é um comportamento que superam. Podem mentir porque confundem a imaginação com a realidade ou para evitar um castigo. "Muitas vezes são ditas porque os miúdos têm medo das consequências", refere. Por isso, Cristina Valente considera importante que os pais percebam a razão pela qual o filho está mentindo.

Os castigos funcionam?

Cristina Valente defende que não. "A punição física, psicológica e emocional foi desde sempre usada para controlar os comportamentos dos animais e humanos. O problema é quando são usadas como ferramenta educativa", justifica. Ela é completamente contra qualquer castigo, pois considera que será mais interessante adotar um sistema de consequências. Por exemplo, se a criança não quer jantar, não vai ser proibida de ver televisão. "Não lhe será dada mais comida até à próxima refeição." Isso deve ser explicado como uma consequência da sua escolha, não como um castigo.

As idades mais complicadas para se perceber o que se passa na cabeça das crianças são a das birras e da adolescência. Na primeira, "as crianças não têm as competências em termos cerebrais que achamos que têm. Aos três anos, não percebem as relações causa-efeito." Já na adolescência, existem mudanças profundas no desenvolvimento do cérebro. "Existe grande queda para novas experiências, agressividade nas respostas e comportamentos, mudanças de humor, arrogâncias." Os pais "devem compreender as mudanças profundas para não reagirem da pior forma."

No capítulo "Ele está sempre triste e insatisfeito", Cristina Valente aborda as causas mais diretas da infelicidade na criança. Na extensa lista surgem, por exemplo, "pais autoritários ou permissivos, divórcio ou separação dos pais, morte ou doença de familiar ou amigo, privação crónica do sono, alimentação pobre em nutrientes, uso excessivo de televisão ou jogos de computador, evento ou cena traumática, perda de um brinquedo favorito ou animal de estimação." Mas também pode causar tristeza o nascimento de um irmão, a ansiedade dos pais, uma professora ansiosa ou deprimida, bullying.

O amor é, segundo a autora, a chave para criar crianças felizes. "Não tente fazer a sua criança feliz", pois ao sentir que é responsável pelas suas emoções, não vai deixar o seu filho "sentir fúria, tristeza ou frustração." Por outro lado, "alimente as ligações emocionais, saiba elogiar pelas razões certas, dê espaço para o sucesso mas também para o falhanço, dê responsabilidades práticas, ensine a praticar a gratidão". Uma das razões da tristeza e dos silêncios é o facto de as crianças estarem cada vez mais sujeitas a pressão dos pais. "Querem filhos perfeitos, bonitos, que cumpram o ideal de uma criança de sucesso." Perceber que não corresponde às expectativas pode ser frustrante para a criança.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

A Diferença entre Tristeza e Depressão


Atualmente a depressão tem chamado a atenção das pessoas de maneira geral, contudo será que sabemos diferenciar uma simples tristeza de uma depressão propriamente dita?
A tristeza se instala, na maioria das vezes, devido a vivência de experiências dolorosas, frustrações, infelicidade, estresse, como por exemplo uma perda familiar, um divórcio, a perda de um emprego, uma doença grave ou outras situações que nos exigem um tempo para compreender e superar. A depressão é resultado da interação entre vários fatores que são: genética, mudanças neurobiológicas e causas ambientais.
O conselheiro da Sociedade Espanhola de Psiquiatria, Luis Caballero, nos explica que “A tristeza é uma emoção básica, que experimentamos por causa de situações negativas: quando morre uma pessoa querida, quando expectativas pessoais são frustradas… É como o medo, a raiva, o nojo”, etc. E ele continua: “Por outro lado, a depressão é uma doença, no sentido psiquiátrico, em que há uma tristeza patológica que é intensa e mais duradoura, associada a outros sintomas. São eles a anedonia (incapacidade de sentir prazer), a abulia (notável falta de energia), a perda de peso e apetite, os transtornos do sono, a fadiga, as dificuldades de concentração, o sentimento de culpa reiterado, a preocupação excessiva com a saúde e as fantasias suicidas”.
A depressão também pode surgir sem uma causa externa que a justifique. “Pode aparecer numa vida normal, sem que a pessoa passe por situações estressantes”, explica Caballero.
Um aspecto que diferencia a tristeza da depressão é a duração. O estado de ânimo depressivo, com perda de interesse e esgotamento, dura pelo menos duas semanas.
As mudanças químicas do organismo influem no estado de ânimo, e em alguns casos os processos associados ao pensamento e a fatores biológicos contribuem para a depressão. Dependendo da intensidade, trata-se de um transtorno que pode afetar o funcionamento familiar e social da pessoa que o sofre.
Sendo assim, parece que temos uma banalização da palavra depressão, pois é confundida com outros problemas de saúde mental, como o transtorno adaptativo que é um processo de tristeza que dura uns seis meses e que apresenta sintomas depressivos, mas não é realmente uma depressão, como acontece com a tristeza que sentimos ao perder um trabalho ou um ser querido.

Predisposição genética

Pode haver quadros mistos de ansiedade e depressão em pessoas predispostas, porque a depressão sempre se produz pela interação de vários fatores, genéticos e externos. O fator genético deixa uma pessoa vulnerável perante situações adversas. Existe também a depressão endógena, em que o componente biológico e genético pesa tanto que o transtorno pode se tornar crônico e mais profundo.
Outra diferença em relação à tristeza são os sinais orgânicos. Segundo Caballero, a doença às vezes fica mascarada por sintomas que são a ponta do iceberg. De fato, há ocasiões em que, por engano, “trata-se um quadro de perda de peso, fadiga crônica ou cólon irritável, mas não se aborda a depressão, que é o problema de fundo”, alerta o médico.

Identificar as causas que conduzem à depressão é o primeiro passo para tratá-la, com ajuda profissional e a esperança de uma luz no fim do túnel. Quando o inimigo é a tristeza, há estratégias mais simples, como ligar para um amigo quando bater aquele desânimo numa tarde de domingo.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Antes de Procurar alguém, encontre você



Que texto lindo! Escolhi divulgar, pois acredito que não devemos nos deixar iludir imaginando que o outro é responsável pela nossa felicidade. Esta podemos, sim, encontrar dentro de nós mesmos e a partir daí encontrar alguém que será feliz junto conosco.


Não procure alguém que te complete, pra ser sincero, não procure ninguém. As melhores coisas da vida acontecem quando você menos espera. Acontecem quando tem que acontecer. Se for pra encontrar, encontre alguém pra sentar no sofá, bagunçar o teu cabelo e assistir aquele filme que você ama mais que sempre faz ele dormir. Encontre alguém que tenha assuntos pra conversar com você no final da noite, mesmo depois de um dia corrido, ou alguém que dispute quem de vocês faz mais pontos em Criminal Case. Se tenha por completo, esteja bem com você mesma, dê tempo pra você, porque quando a gente se basta o outro só chega pra somar. Antes de se apaixonar por alguém, se apaixone por você. Antes de querer alguém pra amar, ame-se e o outro chegará quando você menos esperar. Antes de correr atrás de alguém, lembre-se que ainda tem Netflix e uma temporada inteira daquela sua série favorita pra assistir.
Não procure alguém pra te tirar o tédio, pra dar as mãos, pra ocupar o lado esquerdo da cama e do peito se você não tiver certeza de que sozinha ocupa bem a cama e a si mesma, que sozinha você vai longe, que você não depende de ninguém pra isso, que também é capaz de encontrar os seus caminhos e que não precisa de ninguém pra te levar a lugar algum. Se carregue, se leve, seja livre, porque é de gente livre, leve e solta que o amor precisa. Quando você entende que a leveza da tua alma e a paz da tua vida não merece ser trocada por nenhum peso ou bagunça sentimental, o outro só chega pra seguir o fluxo de um amor tranquilo, pra te apresentar novos lugares e caminhos.
Não procure alguém só pra chamar de ''amor'' ou só pra apelidar de algum desses nomes fofos-clichês. Não procure alguém só pra ter quem apresentar no encontro com seus amigos, ou pra ter um colo pra pegar no sono quando o estresse do trabalho atormentar. Não se mantenha em lugares que só te perturbam, e isso também vale pra pessoas. Já perdemos muito tempo tentando seguir caminhos que não são os nossos, tentando aprender coisas que não queremos, ficando com pessoas que não suportamos. Onde não existir reciprocidade, não se demore.
Encontre alguém que, mesmo com nome e sobrenome, te faça entender o significado de chamá-lo de ''meu amor'', alguém que esteja disposto a te dar colo, carinho, afeto, não somente nos seus melhores, mas nos piores também, alguém que os seus amigos reconheçam como ''a pessoa certa pra você'' e concordem quando você sorri ao falar dele. Não procure alguém só pra te ligar e conversar sobre saudade, combinar um cinema num sábado a tarde, ou só pra te dizer que vai aparecer quando der. Encontre alguém que esqueça de te ligar pra te avisar e chegue na tua casa de surpresa pra matar a saudade. Não procure alguém pra ocupar a tua vida, porque às vezes a gente perde muito tempo com quem ocupa espaços que não merecem ocupar. Poupe seu tempo e sua paciência com quem só sabe te dizer: ''não sei/vou pensar/qualquer coisa eu te ligo''. Dê o seu tempo a quem te diz ''tô indo/abre a porta que eu já cheguei''.
Não procure alguém só por estimação, pra preencher suas horas e ocupar os seus momentos, porque quando você é capaz de preencher sozinho a sua vida, você se ocupa por inteiro, e você passa não desejar qualquer coisa, a não aceitar nada além de alguém que se realize com você, porque se for pra ser mais uma página a ser rasgada, melhor escrever o livro sozinho.

Fonte:
© obvious: http://lounge.obviousmag.org/iande_albuquerque/2016/02/antes-de-procurar-alguem-encontre-voce.html#ixzz40py8PYtf 
Follow us: @obvious on Twitter | obviousmagazine on Facebook

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Sobre o cuidar




Quais os nossos jardins? Será que tenho estado atento ou atenta aos que precisam de mim? ou tenho me preocupado com meus interesses sempre? Essa frase de Mário Quintana nos permite pensar sobre isso. Nos dedicar aos nossos jardins é imprescindível, pois de outra forma não podemos esperar que as borboletas apareçam.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

9 maneiras de descansar a mente

Em sua rotina diária ou antes de dormir, é preciso estar com a cabeça tranquila para garantir qualidade de vida.
Necessariamente, em um dia cheio é importante descansar a mente. Muitas vezes, como a rotina é tão intensa, nem o sono chega e o dia seguinte acaba se tornando ainda mais pesado. Por isso, é necessário que você se desconecte e consiga estabelecer quais são os momentos para os compromissos e quais são para o lazer.
Dormir é a melhor maneira de proporcionar o descanso para a cabeça. Para isso, você precisa se libertar das preocupações e não ficar rolando na cama. Relaxe a mente pelo menos uma hora antes de deitar, ficando em um ambiente mais escuro, sem mexer em eletrônicos e, de preferência, lendo ou meditando.
Confira dicas para descansar a mente e garantir mais bem-estar no seu dia a dia.


Em primeiro lugar: como descansar a mente durante o dia

Para conseguir manter um clima de tranquilidade na sua rotina, é possível tomar algumas atitudes e cuidar com alguns hábitos alimentares.
Alimentos relaxantes
Você sabia que o chocolate pode ajudar a descansar a mente? Ele é rico em triptofano, um composto químico que auxilia na produção de serotonina, o hormônio do bem-estar. Além dele, nozes e castanhas podem proporcionar maior relaxamento. Contudo evite os exageros.
Água
Quando o corpo está hidratado, fica livre de toxinas. Sem elas, a mente aumenta sua capacidade de concentração e pode ficar mais relaxada quando você desejar.
Exercícios moderados
Quando realiza alguma atividade física, você libera endorfina. Essa substância combate a ansiedade e a depressão, proporcionando maior descanso após um dia de trabalho. Procure caminhar ou correr em locais tranquilos, onde você possa passar um tempo consigo mesmo.
Hobbies
Conseguir arranjar um espaço para fazer o que você gosta é fundamental para garantir risadas ou tranquilidade no dia. Pode ser uma leitura, um esporte, um filme, uma receita, o que lhe fizer bem e aliviar a ansiedade.
O que não faz bem
Se o motivo da sua inquietação for uma pessoa, fique longe por algum tempo e tente não resolver o problema. Dê o tempo necessário para pensar com clareza antes de tomar decisões.

 

Relaxando antes de ir para a cama

Música relaxante
Nada de rock ou música eletrônica antes de dormir. Que tal experimentar sons da natureza, barulho de chuva ou ondas quebrando no mar? Até mesmo uma música lenta, com vocais mais suaves e instrumentos como violino e piano faz você descansar a mente. O importante é ficar mais tranquilo.
Bebidas quentes
Se não for café ou álcool, está liberado o consumo de uma xícara de bebidas quentes antes de dormir. Dê preferência aos chás de camomila, cidreira ou maracujá, que têm propriedades calmantes. Leite quente ou morno com mel também é excelente para dormir, pois produz serotonina no cérebro.
O que provoca estresse
Brigas com o chefe, provas, problemas financeiros, desavença familiar e qualquer outro assunto que deixe você angustiado deve ser tirado da cabeça de alguma forma. Pratique meditação e leituras, ouça música, mas estabeleça limites para a preocupação.
Organização
Faça tudo o que for necessário, seja comprometimento do trabalho ou de aula, até determinado horário. Depois disso, é o momento que você tem para descansar a mente e aproveitar da maneira que gosta.


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Dicas de Filme: Laranja Mecânica


Laranja Mecânica
Estreia: 24/06/1972
Gênero: Crime, Drama e Ficção científica
Duração: 136 minutos
Origem: Reino Unido, Estados Unidos
Direção: Stanley Kubrinck
Roteiro: Anthony Burgess e Stanley Kubrinck
Distribuidor Warner Bros

Sinopse
Violento, bombástico, arrebatador, sonoro, dançante e assustador. O alucinado Alex (Malcolm McDowell) tem sua própria forma de se divertir. Sempre às custas da tragédia dos outros. A transformação de Alex de um punk sem moral até um cidadão exemplar doutrinado e sua volta ao estado rebelde, compõe a chocante visão do futuro que Stanley Kubrick elaborou a partir do livro de Anthony Burgess.

Curiosidades
  • Laranja Mecânica foi relançado em São Paulo no dia 26 de Abril de 2013 com exclusividade no CineSESC.
  • Adaptação do romance homônimo de 1962 do escritor inglês Anthony Burgess.
  • Laranja Mecânica tornou-se um clássico do cinema mundial e um dos filmes mais famosos e influentes de Stanley Kubrick
  • Stanley Kubrick pediu para que o filme fosse retirado de cartaz no Reino Unido. Irritado com as críticas recebidas, de que Laranja Mecânica seria muito violento, Kubrick declarou que o filme apenas seria exibido lá após sua morte.
  • Indicado ao Oscar (1971) de Melhor Direção, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Edição e Melhor Filme.