quarta-feira, 6 de abril de 2016

Transtorno de Personalidade Evitativa


No nosso cotidiano percebemos que diferentes pessoas têm diferentes comportamentos, sob as mesmas circunstâncias. O comportamento de cada um é tão único e instintivo, que é comum não damos conta dos motivos eu nos levam a agir e escolher de uma determinada maneira e não de outra. Isso se deve a personalidade.

A personalidade é um conjunto de características ou traços que diferencia os indivíduos. É uma organização dinâmica dos aspectos cognitivos, afetivos, fisiológicos e morfológicos de uma pessoa, que resulta num padrão de comportamento, que determina seu modo de lidar com os contextos de sua vida: o modo como percebe as situações, como pensa a respeito de si mesmo e do mundo, e como se relaciona com os outros.
Uma vez que a personalidade determina a ação de um indivíduo, ao conhecê-la, podemos prever o que ele fará diante de uma situação.

Existe a concepção de que o ser humano é Biopsicossocial, ou seja, toda sua dinâmica é composta pela influência dessas três esferas: Biológica, Psicológica e Social.
Assim, o comportamento humano advém da personalidade, segue essas vertentes: de um lado, estão as características genéticas e fisiológicas, e de outro, suas experiências e relações com o mundo.
Levando em consideração a interação do indivíduo com o outro e com o seu contexto, tempos a família como o primeiro núcleo, e mais importante, de interação da criança. É a partir da relação com seus pais que ela aprende conceitos a respeito de si mesmo e do mundo a sua volta. Por exemplo, uma criança, cuja família a estimula e encoraja a encarar os desafios de seu desenvolvimento (como andar, falar, ir à escola), demonstrando-lhe o quanto é amada, terá maiores subsídios para construir uma personalidade com maior autoestima e a lidar, de forma mais madura e adequada, com os desafios e frustrações que surgirão ao longo de toda a sua vida. Um outro exemplo é o da criança cujos pais são superprotetores.
Esses exemplos nos mostram como o papel da família é fundamental no desenvolvimento da personalidade, pois criança reproduz o aprendizado que obtém na relação com seus pais, para a sua interação social como um todo. A esse aprendizado damos o nome de crenças.
As crenças são conceitos profundos e fundamentais a respeito de si mesmo, as outras pessoas e o mundo. Elas se desenvolvem na infância e são consideradas como verdades absolutas. Essas crenças determinam a forma como o indivíduo percebe uma situação, o que consequentemente influencia sua forma de pensar, sentir e se comportar diante dela.
Essas crenças podem ser positivas e funcionais, o que proporciona ao sujeito uma personalidade saudável, com bom enfrentamento, interação social e escolhas na vida. Há também as crenças negativas ou disfuncionais, que podem surgir num momento específico da vida, acarretando algum tipo de problema emocional, como depressão ou ansiedade, ou dificuldade para lidar com uma dificuldade pontual. Isso ocorre com a maioria das pessoas, e com muitas delas, não apresentam maiores gravidades. No entanto, há casos em que essas crenças disfuncionais são extremamente rígidas, e ativadas constantemente, o que resulta num Transtorno de Personalidade.
Não existe uma personalidade certa ou errada; os traços ou características de personalidade advindos das crenças que construímos ao longo da vida são aprendizados que obtemos a partir das relações e experiências que temos, principalmente, em nossa infância. Apenas quando são inflexíveis e mal adaptativos e causam prejuízos significativos ou sofrimento para a pessoa é que esses traços constituem um quadro patológico muito importante e grave, denominado Transtornos de Personalidade.
Hoje como exemplo de transtorno de personalidade trago o Transtorno de Personalidade Evitativa.
Para a 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5 (2014), o Transtorno da Personalidade Evitativa é um padrão difuso de inibição social, sentimentos de inadequação e hipersensibilidade a avaliação negativa que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, ou seja, trata-se de um transtorno onde nota-se uma timidez predominante, sentimento de incapacidade, alta sensibilidade a repressões e críticas, com tendência ao isolamento social.
Acredita-se que pessoas com este transtorno possuam baixa autoestima, julgando-se socialmente incompetentes e desagradáveis, evitam todo e qualquer tipo de contato social por um medo extremo de humilhação, ridicularização e desprezo, e ainda, seu comportamento tenso e cauteloso provoca o deboche de outrem confirmando suas dúvidas quanto a si mesmos. “Indivíduos com o transtorno da personalidade evitativa ficam inibidos em situações interpessoais novas, pois se sentem inadequados e têm baixa autoestima.” (DSM-5, 2014, p. 673).
Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Evitativa esquivam-se de atividades no trabalho que envolva contato interpessoal significativo devido a medo de crítica, desaprovação ou rejeição.
Essas pessoas apresentam, aos olhos dos leigos, isolamento, ansiedade pelo modo de reação à crítica e, por isso, são tidos como “solitários” e/ou “tímidos”; possuem relacionamentos em número limitados ou nenhum apoio de amigos ou confidentes.
Coloco aqui o conceito, características e sintomas mais nítidos, contudo alerto que, para se ter um diagnóstico preciso, é necessário que a pessoa seja avaliada por um profissional da área de saúde mental, pois esse transtorno apresenta um padrão de sintomas previsto no DSM-V que dará a certeza deste diagnóstico, além de não correr o risco do transtorno ser confundido com outros transtornos.

Sendo assim, fica a dica: Ao perceber a reação de alguém que se assemelham as características apresentadas nesse post, procure um psicólogo e/ou médico psiquiatra a fim de se realizar o diagnóstico e encaminhar o programa de tratamento do indivíduo, caso necessário.

2 comentários:

  1. Acho que possuo tal desordem, como melhorar?? Infelizmente não tenho recursos financeiros no momento, para tratamento com psicólogos, teria outra alternativa?? Agradecido.

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    1. Olá! Seria interessante começar do zero, tentando ampliar seu contato com atividades que geram ansiedade, como o contato com pessoas no trabalho.
      Tente se lançar nos desafios e cuidar de você cada vez que isso lhe causar algum tipo de angustia ou ansiedade.
      E assim que tiver condições procure um profissional, pois as vezes precisamos do cuidado e incentivo do outro para conseguir melhorar.

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