segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

É Carnaval! A importância da brincadeira e da fantasia.


Vivemos preocupados com o trabalho, com as contas, com os filhos, com a segurança, com a saúde… Na maior parte do ano estamos correndo atrás de alguma coisa e o nosso lado racional é valorizado por nos auxiliar com a clareza e objetividade necessária aos desafios cotidianos.
Mas existem alguns períodos em que a situação se inverte e o Carnaval é a representação mais clara desse momento. A racionalidade fica em segundo plano e o princípio do prazer conduz grande parte das pessoas. A brincadeira, a vontade, a sensualidade e a alegria tomam conta do país e muitos se rendem a magia dessa época.
Do ponto de vista psicológico esse é o momento do ID, que segundo Freud é uma instância psicológica que todos nós possuímos, regido pelos impulsos do prazer, guiado pela satisfação dos desejos e não por suas conseqüências.
A psicologia Junguiana utiliza-se, entre outros recursos,  dos mitos para entender a psique humana. O mito grego do deus Dionísio é o que se assemelha ao espírito do carnaval. Dionísio era filho do grande Zeus e de sua amante Semele. Foi perseguido por Hera, esposa de Zeus, e atingido por sua loucura. Possui o lado divino dos deuses, mas também o lado irracional e selvagem. É o deus do vinho, das festas, do êxtase, configura a imagem do impulso, da satisfação. Assim contrapõe-se a tudo que é cauteloso e conservador.
 Fantasias
A fantasia traz a possibilidade de projetarmos externamente conteúdos internos que permeiam nossa imaginação. Através das cores e dos personagens brincamos de forma mais livre com esses conteúdos. O momento do carnaval é propício para isso, é quando a brincadeira e a criatividade são permitidas e estimuladas pela maioria.
Com a individualidade protegida das críticas e julgamentos, a fantasia nos liberta e nos permite interagir de forma livre e despreocupada. As diferenças e preconceitos são minimizados e, por isso, o Carnaval é chamado de uma festa democrática. É um momento que todos aproveitam e interagem independente da cor, do país ou da classe social.
Melindrosas, prisioneiros, chapolins, baianas, abadás e tudo que a imaginação quiser pode virar realidade por alguns dias e nos levar pelo clima “dionísico” do carnaval.
E isso não é um pouco perigoso?
É importante que os excessos sejam evitados. Perder totalmente o controle traz consequências, talvez não agradáveis. Mas do ponto de vista psíquico o carnaval tem uma função positiva e nos ajuda a vivenciar outros aspectos psicológicos.
Segundo a abordagem junguiana nós possuímos vários pólos opostos dentro de nós: amor/ódio, vida/morte, confiança/traição, puerilidade/sabedoria, profano/sagrado, entre outros. Apesar de opostos, um lado precisa do outro para existir. A totalidade do ser só é possível quando reconhecemos esses lados (principalmente os não adequados) e trabalhamos para uma integração saudável entre eles. Tentar eliminar um pólo em detrimento de outro não é benéfico e nos distancia da realização e do bem-estar.
O Carnaval pode ser muito proveitoso, é o momento de relaxarmos e vivenciarmos um lado nosso que não permitimos na maior parte do ano, de se divertir com o inadequado, extravasar a alegria e retornar mais leves para a realidade.
“Mas é Carnaval, não me diga mais quem é você

Amanhã tudo volta ao normal
Deixa a festa acabar
Deixa o barco correr
Deixa o dia raiar
Que hoje eu sou da maneira
Que você me quer
O que você pedir, eu lhe dou
Seja você quem for
Seja o que Deus quiser
Seja você quem for
Seja o que Deus quiser”


Fonte: A Caminho da Mudança

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