domingo, 27 de novembro de 2011

Será que estamos lendo de verdade?

No domingo passado, participei de um concurso público como fiscal. Nessa prova existia uma questão dissertativa, muito interessante por sinal. A prova era para pedagogos e a questão referia-se a reflexão sobre um texto que falava sobre como os educadores aprendiam com seus erros. A partir deste texto os candidatos tinham uma questão que solicitava a elaboração de um texto dissertativo-argumentativo discutindo a importância da autoavaliação do professor levando em consideração a prática pedagógica.
Parece muito interessante para uma reflexão não é verdade? Porém, para minha surpresa, muitos candidatos solicitaram a minha presença e a do meu colega fiscal para nos perguntar “qual o tema da redação”. Para a nossa triste constatação que esses candidatos estavam lendo e não estavam compreendendo a questão, quiçá o texto. Depois de informarmos que não poderíamos responder a esta questão percebemos a angustia do candidato diante da sua impotência.
Sendo assim, trago aqui a seguinte questão: será que estamos aprendendo a ler de verdade? Ler implica em interpretar o que nos diz a mensagem, seja ela afirmativa ou não. Trabalhando em escola percebo alunos que lêem muito bem, porém ser perguntarmos de imediato o que aquele texto lhe diz, percebemos que o aluno não sabe responder. Muitas vezes essa dificuldade trás outra que é a ausência de criticidade, pois se não sabem ler e interpretar também não sabem criticar.
Lógico que devemos levar em consideração o nervosismo daqueles candidatos mediante aquele momento decisivo onde estavam concorrendo a uma vaga para o mercado de trabalho da educação pública. Mas esse nervosismo não justifica a cegueira diante de uma questão tão clara como foi proposta naquela prova.
Precisamos reavaliarmos a formação dos nossos leitores, pois se temos leitores incapazes de interpretar e criticar teremos cidadãos “cegos” diante das questões e problematizações de nossa sociedade. E ainda o que é pior, profissionais incapazes de argumentar e consequentemente contribuir com o crescimento desta sociedade. Mas isso tem cura: Vamos investir de verdade na nossa educação, principalmente avaliando nossa atuação diante dos nossos alunos.

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