Quando nascemos, muitos nos contam a
vida como se ela seguisse um padrão preestabelecido. À princípio, a infância é
desenhada como uma fase de descobertas e aprendizados, depois a adolescência é
descrita como uma fase de escolhas, dificuldades e de novas experiências
emocionais. Segue-se então a fase adulta dita como reduto do desenvolvimento
profissional, através de um emprego, e aprimoramento afetivo, por meio de um
relacionamento amoroso estável, com ou sem filhos e lá no fim da vida a velhice
nos é apresentada como uma fase de descanso no qual colheremos os frutos de uma
vida de trabalho.
Tudo parece bastante prático, quase
compulsório, contudo não o é. Em absolutamente todas as fases de nossa vida
passaremos por desafios que determinarão como cada fase vai ser para nós e será
o nosso senso de auto eficácia que determinará como iremos
encarar cada nova experiência que se apresentará em nossa vida.
Resumidamente, de acordo com o
psicólogo canadense Albert Bandura, a autoeficácia é um termo
que designa a convicção de uma pessoa em ser capaz de realizar uma tarefa,
independente da condição na qual esteja.
Em suma nossa crença em nós e em nossas
capacidades determinará nossas escolhas futuras. Seguiremos sempre caminhos nos
quais nos sintamos capazes de realizar as metas as quais nos propusemos.
Na infância brincadeiras cognitivas nos
ajudarão a entender nossa relação com o nosso corpo e nossas capacidades
motoras. A escola também trabalhará de forma preponderante ao apontar e
aprimorar nossas capacidades intelectuais agindo de forma muitas vezes
comparativa.
Na adolescência o nosso senso na
capacidade de realizar nos ajudará a escolher nossa carreira. Esse senso também
determinará atividades livres escolhidas que dirão de nossas melhores
habilidades. Nossa carreira e habilidades quase sempre nos farão rodeados por
pessoas com aptidões afins em espaços nos quais nos sentimos confortáveis.
Também experimentaremos nessa fase predileções sentimentais.
Pessoas com maior senso de autoeficácia acreditam
no potencial que têm e enxergam os reveses da vida e as dificuldades como
oportunidades de aprendizado. Quando confrontadas com um “não” tentam novamente
de diferentes formas, são persistentes e não se dão por vencidas facilmente.
Quando empenhadas em atividades físicas não tomam o cansaço como um ponto
negativo.
Resumidamente a autoeficácia anda
de mãos dadas com o otimismo, pois foca na superação de nossas metas e não nos
reveses do caminho, nas perdas ou fracassos. A auto eficácia mora
na capacidade de buscar soluções e enxergar problemas como desafios que levarão
ao aprimoramento de nossas capacidades.
A ausência do sentido de autoeficácia muitas
vezes desagua na ansiedade e na depressão. Ambos os estados se focam em
pensamentos negativos contínuos, que muitas vezes se prendem à culpa, à ideia
de incapacidade, à ideia de não merecimento e à autopunição inconsciente.
A velhice também resguarda muitos
desafios, muitas vezes envoltos por perdas pessoais e de capacidades físicas.
Como cada um de nós passará por cada desafio dependerá de nossa capacidade de
acreditar em nós e em nossa disposição de concretizar metas independente das
dificuldades que nos surjam.
Dúvidas acerca de nosso potencial minam
nossa energia e trazem para nossa vida pensamentos derrotistas que podem fazer
morada em nossa mente. Quando nos autossabotamos, duvidando de nossa força em
superar as dificuldades, a desistência torna-se algo repetitivo e perigoso. O
hábito de desistir pode ser um grande inimigo, pois abandonar um sonho, uma
meta ou um propósito mina o aprendizado oferecido pela experiência.
Muitas vezes em nossa vida nos
confrontamos com a ideia de que tropeçar e cair é algo vergonhoso e até mesmo
inaceitável. Contudo essa não é uma visão otimista. Cair e levantar implica em
aprender, em superar, em amadurecer, em testar nossos limites, em renascer,
haja visto que depois de experiências marcantes somos levados à reflexão
profunda acerca de nós e de tudo que nos cerca.
Quando alguém nos proclamar a fatalista
frase, quase sempre emancipada em tom profético: “Guarda o que te falo, você
vai cair” frase essa muitas vezes acompanhada de um “e você vai gritar pela
minha ajuda”, “e você vai se arrepender de ter dito ou feito isso”, “e você vai
desejar ter ido por outro caminho”, “e você vai rastejar implorando por mim”…
tenhamos claro em nossa mente que tal parecer negativo crê não em nossas
capacidades, tão pouco em nosso senso de superação, mas em nossa incapacidade
de nos levantar depois de um tombo e nasce, miseravelmente, da ânsia pela
derrota nossa.
Cabe a nós deixarmos tais pessoas e
pareceres fatalistas em um reduto afastado de nossas expectativas, pois é certo
que torcem pelo fim de nossos sonhos e trabalham para acentuar a ideia de nossa
incapacidade em realizar.
Que todo esse azedume e negativismo não
obtenham êxito em acrescentar mágoas e dificuldades à nossa vida que é sim
desafiadora, contudo com a autoeficácia ao nosso lado, nunca
fatalista! Tendo em vista que cair é um ato passível para os caminhantes
persistentes que buscam suas metas com afinco e otimismo, aviso que um tombo
não assinala a certeza de que alguma previsão fatalista se concretizou. Pelo
contrário, um tombo pode ser um marco para uma nova etapa em nossas vidas e
quando de mãos dadas com a autoeficácia, quando cremos em nós,
podemos cair dez vezes sim, mas com certeza seremos plenamente capazes de nos
levantar onze!
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