No nosso cotidiano
percebemos que diferentes pessoas têm diferentes comportamentos, sob as mesmas
circunstâncias. O comportamento de cada um é tão único e instintivo, que é
comum não damos conta dos motivos eu nos levam a agir e escolher de uma
determinada maneira e não de outra. Isso se deve a personalidade.
A personalidade é um
conjunto de características ou traços que diferencia os indivíduos. É uma
organização dinâmica dos aspectos cognitivos, afetivos, fisiológicos e
morfológicos de uma pessoa, que resulta num padrão de comportamento, que
determina seu modo de lidar com os contextos de sua vida: o modo como percebe
as situações, como pensa a respeito de si mesmo e do mundo, e como se relaciona
com os outros.
Uma vez que a
personalidade determina a ação de um indivíduo, ao conhecê-la, podemos prever o
que ele fará diante de uma situação.
Existe a concepção de que o ser humano é Biopsicossocial, ou seja, toda sua
dinâmica é composta pela influência dessas três esferas: Biológica, Psicológica
e Social.
Assim, o comportamento
humano advém da personalidade, segue essas vertentes: de um lado, estão as
características genéticas e fisiológicas, e de outro, suas experiências e
relações com o mundo.
Levando em consideração a
interação do indivíduo com o outro e com o seu contexto, tempos a família como
o primeiro núcleo, e mais importante, de interação da criança. É a partir da
relação com seus pais que ela aprende conceitos a respeito de si mesmo e do
mundo a sua volta. Por exemplo, uma criança, cuja família a estimula e encoraja
a encarar os desafios de seu desenvolvimento (como andar, falar, ir à escola),
demonstrando-lhe o quanto é amada, terá maiores subsídios para construir uma
personalidade com maior autoestima e a lidar, de forma mais madura e adequada,
com os desafios e frustrações que surgirão ao longo de toda a sua vida. Um
outro exemplo é o da criança cujos pais são superprotetores.
Esses exemplos nos mostram
como o papel da família é fundamental no desenvolvimento da personalidade, pois
criança reproduz o aprendizado que obtém na relação com seus pais, para a sua
interação social como um todo. A esse aprendizado damos o nome de crenças.
As crenças são conceitos
profundos e fundamentais a respeito de si mesmo, as outras pessoas e o mundo.
Elas se desenvolvem na infância e são consideradas como verdades absolutas.
Essas crenças determinam a forma como o indivíduo percebe uma situação, o que
consequentemente influencia sua forma de pensar, sentir e se comportar diante
dela.
Essas crenças podem ser
positivas e funcionais, o que proporciona ao sujeito uma personalidade
saudável, com bom enfrentamento, interação social e escolhas na vida. Há também
as crenças negativas ou disfuncionais, que podem surgir num momento específico
da vida, acarretando algum tipo de problema emocional, como depressão ou
ansiedade, ou dificuldade para lidar com uma dificuldade pontual. Isso ocorre
com a maioria das pessoas, e com muitas delas, não apresentam maiores
gravidades. No entanto, há casos em que essas crenças disfuncionais são
extremamente rígidas, e ativadas constantemente, o que resulta num Transtorno
de Personalidade.
Não existe uma personalidade
certa ou errada; os traços ou características de personalidade advindos das
crenças que construímos ao longo da vida são aprendizados que obtemos a partir
das relações e experiências que temos, principalmente, em nossa infância.
Apenas quando são inflexíveis e mal adaptativos e causam prejuízos
significativos ou sofrimento para a pessoa é que esses traços constituem um
quadro patológico muito importante e grave, denominado Transtornos de
Personalidade.
Hoje como exemplo de
transtorno de personalidade trago o Transtorno
de Personalidade Evitativa.
Para a 5ª edição do Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5 (2014), o Transtorno
da Personalidade Evitativa é um padrão difuso de inibição social, sentimentos
de inadequação e hipersensibilidade a avaliação negativa que surge no início da
vida adulta e está presente em vários contextos, ou seja, trata-se de um
transtorno onde nota-se uma timidez predominante, sentimento de incapacidade,
alta sensibilidade a repressões e críticas, com tendência ao isolamento social.
Acredita-se que pessoas com
este transtorno possuam baixa autoestima, julgando-se socialmente incompetentes
e desagradáveis, evitam todo e qualquer tipo de contato social por um medo
extremo de humilhação, ridicularização e desprezo, e ainda, seu comportamento
tenso e cauteloso provoca o deboche de outrem confirmando suas dúvidas quanto a
si mesmos. “Indivíduos com o transtorno da personalidade evitativa ficam
inibidos em situações interpessoais novas, pois se sentem inadequados e têm
baixa autoestima.” (DSM-5, 2014, p. 673).
Os indivíduos
com Transtorno da Personalidade Evitativa esquivam-se de atividades no trabalho
que envolva contato interpessoal significativo devido a medo de crítica,
desaprovação ou rejeição.
Essas
pessoas apresentam, aos olhos dos leigos, isolamento, ansiedade pelo modo de
reação à crítica e, por isso, são tidos como “solitários” e/ou “tímidos”;
possuem relacionamentos em número limitados ou nenhum apoio de amigos ou
confidentes.
Coloco
aqui o conceito, características e sintomas mais nítidos, contudo alerto que,
para se ter um diagnóstico preciso, é necessário que a pessoa seja avaliada por
um profissional da área de saúde mental, pois esse transtorno apresenta um
padrão de sintomas previsto no DSM-V que dará a certeza deste diagnóstico, além
de não correr o risco do transtorno ser confundido com outros transtornos.
Sendo
assim, fica a dica: Ao perceber a reação de alguém que se assemelham as
características apresentadas nesse post, procure um psicólogo e/ou médico psiquiatra
a fim de se realizar o diagnóstico e encaminhar o programa de tratamento do
indivíduo, caso necessário.