Como dizia Mark Twain: “O que o
deixa em apuros não é aquilo que você não sabe, mas aquilo que você tem
certeza de que é verdade”. Essa citação é bem famosa e descreve os perigos de
se acreditar em algo falso. Em vez de se concentrar no tratamento do problema
real, você acaba colocando todos os seus esforços em cima de algo que sequer é
verdadeiro.
É difícil ignorar a sabedoria que
há por trás dessa frase. Quando você crê em algo que é falso, pode acabar
obtendo efeitos adversos. O problema se torna ainda mais sério quando se trata
da sua saúde, tanto física quanto mental.
Depressão: um diagnóstico comum
Psicopatologias geralmente são
difíceis de diagnosticar, principalmente porque não existem testes fisiológicos
para ajudar a obter um resultado mais preciso. Várias doenças são
diagnosticadas com exames fisiológicos, como o diabetes, que é diagnosticado
através de um exame de sangue, ou o cancro, que é diagnosticado através de uma
biópsia. Os problemas mentais são diagnosticados clinicamente, através da
observação dos sintomas.
Por esta razão, muitas vezes os problemas mentais, incluindo a depressão, são diagnosticados erroneamente. De acordo com um artigo de 2012 na Current Psychiatry, cerca de 26 a 45 por cento dos pacientes diagnosticados com depressão não cumprem com os critérios necessários para o diagnóstico do problema. Uma análise feita em 2009 descobriu que os médicos só conseguem diagnosticar com precisão apenas 47% dos casos de depressão, muitas pessoas acabam recebendo o diagnóstico errado e tratando uma doença que sequer existe.
Aqui estão as quatro condições que são
comumente confundidas com a depressão, tanto por médicos quanto pelo público em
geral:
1. O transtorno bipolar:
O transtorno bipolar, assim como a depressão,
envolve períodos de tristeza intensos. Durante esses períodos, as pessoas com
transtorno bipolar experimentam os mesmos sintomas encontrados na depressão.
Elas podem se sentir desesperançosas, inúteis e até mesmo tentar o suicídio.
Mas ao contrário da depressão, as pessoas que têm transtorno bipolar também
experimentam períodos de extrema euforia: sentem-se confiantes, positivas, como
se estivessem no topo do mundo. Às vezes esses períodos de euforia são tão
agradáveis que as pessoas são incapazes de reconhecê-los como parte do
transtorno. Por isso, na maioria dos casos, elas só procuram ajuda nos períodos
de extrema tristeza, e acabam recebendo, erroneamente, um diagnóstico de
depressão.
De acordo com um estudo publicado
no Jornal de Psiquiatria Britânico, até 22 por cento das pessoas com
transtorno bipolar são erroneamente diagnosticadas com depressão. Outro estudo
revelou que as pessoas com transtorno bipolar demoram em média 10 anos até
receberem o diagnóstico adequado.
Reconhecer as diferenças entre o
transtorno bipolar e a depressão é vital, uma vez que o tratamento
medicamentoso para a depressão pode agravar os sintomas do transtorno bipolar.
2. O hipotiroidismo
O hipotireoidismo é uma condição na qual
a glândula tireoide não libera a quantidade necessária de hormônios. Os
hormônios que essa glândula produz são necessários para o funcionamento correto
do organismo, e as pessoas com essa doença geralmente experimentam fadiga,
falta de concentração e uma baixa no humor (características da depressão).
Os pesquisadores afirmam que
cerca de 20 milhões de americanos têm essa doença e que até 60% dessas pessoas
desconhecem sua condição. Muitas vezes essas pessoas acabam recebendo
diagnósticos de depressão, mas ao contrário das pessoas com depressão, pessoas
com hipotireoidismo são extremamente sensíveis à temperaturas frias e podem
sentir frio o tempo todo, geralmente apresentam pele seca, queda de cabelo
frequente e voz rouca. Felizmente, o hipotireoidismo pode ser verificado
com um simples exame de sangue e o seu tratamento requer apenas um comprimido
por dia.
3. Diabetes
O diabetes é outra doença
comumente confundida com a depressão. Muitas vezes, as pessoas desenvolvem
diabetes tipo 2 sem reconhecê-la, os sintomas são: súbita perda de peso,
cansaço e irritação. O corpo está tendo problemas para produzir insulina, mas
como todos esses sintomas são comuns à depressão, muitas vezes a pessoa acaba
recebendo o diagnóstico errado. A resistência à insulina, um dos
precursores da diabetes tipo 2, foi significativamente associada à depressão.
Um estudo realizado em 2014
revelou que as pessoas que foram diagnosticadas com diabetes e depressão
experimentaram uma redução dos sintomas de depressão após receberem o
tratamento adequado para diabetes. Em outras palavras, os seus sintomas não
eram ocasionados pela depressão, mas pelo fato de conviverem com o
estresse que uma doença crônica pode causar.
4. Síndrome da fadiga crônica
A Síndrome da fadiga crônica, também
conhecida como “encefalomielite miálgica”, é uma doença caracterizada por
extrema fadiga sem causa aparente. Essa síndrome implica em dificuldade para se
concentrar, dores musculares e problemas para dormir. Uma vez que estes
sintomas também estão associados à depressão, as pessoas com Síndrome de fadiga
crônica são frequentemente diagnosticadas com depressão. Um estudo publicado no
“Journal of Clinical Psychiatry” descobriu que a Síndrome da fadiga crônica é
ignorada em cerca de 80% dos casos, e que a depressão é o diagnóstico mais
comum.
Felizmente, existe pelo menos uma
diferença clara entre a depressão e a síndrome de fadiga crônica. Considerando
que as pessoas com depressão ficam exaustas e desinteressadas pelos seus
hobbies, as pessoas com síndrome da fadiga crônica, apesar de se sentirem cansadas,
ainda desejam praticar seus hobbies.
Sim, a depressão existe!
A depressão é uma psicopatologia
muito real e grave, que afeta milhões de pessoas a cada ano. A
maioria das pessoas com depressão são diagnosticadas corretamente e
se recuperam com o tratamento adequado, que geralmente envolve
psicoterapia e medicação.
Ainda assim, sempre há a
possibilidade de obter um diagnóstico errado. Então, se você estiver tratando
um estado depressivo e não estiver sentindo qualquer progresso, é inteiramente
possível que você tenha algum outro distúrbio que esteja imitando esta
condição. Portanto, antes de iniciar o tratamento com antidepressivos, é bom
fazer um exame de sangue para descartar algumas condições comumente confundidas
com a depressão como o hipotireoidismo e o diabetes.
Fonte: Psiconlinews
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