Metade
dos universitários brasileiros vivenciou algum tipo de crise emocional no ano
passado. A depressão foi a mais representativa: atingiu cerca de 15% dos
estudantes, enquanto a média geral entre jovens de até 25 anos fica em torno de
4%. Os dados sobre os universitários são da Associação Nacional dos Dirigentes
das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).
Para psicólogos e professores, a
principal causa dessas crises é a mudança da adolescência para a vida adulta,
que ocorre bem na fase em que o jovem está na graduação. Por causa das
cobranças, o estudante se sente pressionado e confuso e o resultado é a falta
de motivação para estudar, dificuldade de concentração, baixo desempenho
acadêmico, reprovação, trancamento de disciplinas e, na pior das hipóteses,
evasão.
“É o período em que o estudante
vai consolidar sua personalidade e ganhar características do curso que
escolheu. Essa formação de identidade, somada à necessidade de corresponder às
expectativas dos outros, gera estado depressivo”, explica o professor e
coordenador da Clínica de Psicologia da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP),
Luiz Henrique Ramos.
Cobrança
Nem sempre o
sofrimento é causado apenas pela tentativa de mostrar à família e aos amigos
que dá conta da vida adulta. A cobrança de si mesmo por um bom desempenho
também é responsável por causar ansiedade nos universitários. Segundo Ramos,
algumas situações específicas durante o curso podem desencadear o problema. No
caso dos cursos de Saúde, a hora de atender o paciente pode gerar medo,
insegurança e causar situações de ansiedade e depressão.
Os estudantes de
Medicina estão entre os grupos mais atingidos, segundo o psiquiatra e professor
de Medicina da Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Dagoberto Hungria
Requião. Além do medo do início do atendimento, o contato com corpos nas aulas
de Anatomia também pode causar tristeza e desânimo. “Ele chega ao curso
superior entusiasmado e se depara logo com a morte. Nem todos estão preparados
e têm maturidade para isso.”
Formada há três
anos, a médica Amanda – que não quis ser identificada – lembra que passou por
um estado de depressão no primeiro ano da faculdade. Depois de poucos meses de
aula, começou a faltar. “Não ia mais e nem fazia provas. Simplesmente ficava em
casa vendo televisão. Hoje sei que o que senti foi medo de comparação com as
notas dos colegas, pois tinha acabado de passar pela pressão do vestibular e
não aguentava mais aquilo.” Após quatro meses em casa, ela procurou um médico,
tomou remédio e em pouco tempo estava de volta à sala de aula.
Imagem de capa:
Shutterstock/Indefinido.
Texto Original de Gazeta Do Povo
Fonte: Psicologias do Brasil.
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