Todos
nós sofremos com a ansiedade de vez em quando. Pode ser até o caso de um
problema mais sério, como o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), se você
tiver preocupações persistentes e desproporcionais com assuntos cotidianos. No
entanto, caso você sofra ataques consciente,
é possível aliviar os sintomas de um ataque de pânico, controlar a ansiedade e
evitar futuras crises.
Método I – Acalmando o momento da crise
1. Respire
fundo. Se você estiver sofrendo de um ataque de pânico, é provável que comece a
hiperventilar. Mesmo que não haja hiperventilação, a respiração profunda pode
ajudar a diminuir o estresse e fornecer mais oxigênio ao cérebro para aumentar
a concentração. Ao sentir que uma crise se aproxima, pare e diminua o ritmo da
respiração.
– Tente segurar a respiração para
começar. Assim, diminui-se a sensação de asfixia e de incapacidade de respirar.
– Depois de segurar a
respiração, comece a respirar devagar utilizando o diafragma. Coloque uma das
mãos sobre o peito e a outra na barriga. Você deve sentir o abdômen subir e
descer enquanto respira, e a outra mão deve permanecer quase parada.
– Inspire pelo
nariz durante quatro segundos. Segure a respiração por dois ou três segundos.
Expire devagar pela boca durante cinco ou seis segundos.
– Continue a
respiração diafragmática (profunda) por alguns minutos até notar uma diferença
no relaxamento muscular e clareza de pensamento.
2. Concentre-se nos sentidos. Em um ataque de pânico, os pensamentos podem ficar
desordenados. É provável que você sinta várias coisas ao mesmo tempo, o que
contribui para uma sensação de “sobrecarga”.
Isso acontece porque o
corpo ativa o mecanismo de “luta ou fuga” do sistema nervoso simpático,
disparando o ritmo cardíaco e respiratório, contraindo os músculos e os vasos
sanguíneos. Pare por um momento para diminuir o ritmo e processar cada
experiência sensorial de uma vez. Este processo pode ajudar o cérebro a
desaprender a “reação automática” ou o hábito de reagir a fatores estressantes
de um modo específico, ao dividir as informações em componentes individuais.
– Experimente
fazer uma lista do que está acontecendo sem julgar os eventos como “bons” ou
“maus”. Por exemplo, você pode perceber: “Meu coração está disparado. Minhas
mãos estão suando. Eu acho que vou vomitar.”.
– Em seguida, lembre-se de
que esses sintomas são frutos da ansiedade. Evite dizer a si mesmo que precisa
“controlar” os sintomas – isso pode piorar o pânico. Fale a si mesmo que eles
são temporários e vão passar.
– Fique parado
enquanto faz o catálogo das sensações. Essa atitude, com o tempo, ajuda o
cérebro a perceber que a situação não é perigosa de verdade. A fuga pode fazer
com que o cérebro associe com mais intensidade a situação e o pânico.
3. Use distrações cognitivas.
Caso você esteja no meio de uma crise de pânico, distraia a sua
mente do medo com o emprego de técnicas diferentes de distração. Por exemplo,
conte de trás para frente de três em três, começando do 100, faça uma lista com
os nomes dos presidentes em ordem cronológica, ou recite o seu poema ou letra
de música favorita. Obrigue-se a usar uma (ou várias) dessas técnicas até se
acalmar um pouco.
– É importante
que você se mantenha na situação que causou o pânico enquanto se distrai.
Supere o ataque de pânico onde já estiver. Se não fizer isso, você
provavelmente vai acabar associando aquela situação ou lugar ao medo, o que
pode provocar futuras crises.
4. Pratique o relaxamento muscular progressivo.
Nesse processo, é preciso ir devagar, contraindo e relaxando todos
os grupos musculares do corpo. O relaxamento muscular atinge dois objetivos:
ele faz com que você se concentre obrigatoriamente em outra coisa que não seja
o medo e, ao mesmo tempo, relaxa os músculos. Comece pelo rosto e vá descendo
até ter relaxado todo o corpo.
– Contraia o
grupo muscular por cinco ou dez segundos e depois relaxe a pressão. É possível
repetir o procedimento para o mesmo grupo muscular várias vezes, mas uma vez já
é suficiente.
– Os grupos
musculares mais importantes que você pode contrair e relaxar incluem o maxilar,
a boca (franzir e relaxar), os braços, as mãos, a barriga, as nádegas, as
coxas, as panturrilhas e os pés.
Método
II – Controlando a ansiedade
1. Reconheça a sua ansiedade.
Mesmo que você queira diminuir o seu nível de ansiedade, não é bom ignorá-la. Ignorar ou reprimir emoções pode torná-las mais poderosas, causando mais medo. Reconheça que está com medo e que não há nada “errado” ou “ruim” em você por causa disso.
2. Experimente parar de ter pensamentos negativos e substituí-los
por outros.
Nesse processo, você troca os pensamentos que geram ansiedade por pensamentos que trazem felicidade ou paz. Isso evita a ruminação, aquele modo de pensar que se assemelha a um disco riscado, no qual há a impressão de que não dá para parar de remoer um assunto e ficar obcecado por ele.
Nesse processo, você troca os pensamentos que geram ansiedade por pensamentos que trazem felicidade ou paz. Isso evita a ruminação, aquele modo de pensar que se assemelha a um disco riscado, no qual há a impressão de que não dá para parar de remoer um assunto e ficar obcecado por ele.
– Por exemplo, talvez você
esteja ansioso com um voo de avião que se aproxima e não consiga parar de
pensar no que pode acontecer se o avião cair. Concentre-se e diga “pare” para
você mesmo, em voz alta ou dentro da cabeça.
– Em seguida,
troque esse pensamento por algo que o acalme e que seja positivo. Um exemplo é
uma lembrança das férias com os seus melhores amigos e o quanto eles o deixam
feliz.
– Pode ser
preciso repetir várias vezes até a técnica funcionar, portanto, tenha paciência
e bondade consigo mesmo.
– Esse método
não funciona no meio de um ataque de pânico, pois ele nem sempre é associado a
um pensamento ou causa clara. No entanto, a técnica ajuda a controlar sensações
gerais de ansiedade.
3. Use a imaginação guiada.
Ela pode ajudá-lo a relaxar e diminuir a ansiedade.
– Imagine um
lugar no qual você se sinta em paz e relaxado; pode ser a sua casa, um lugar
onde goste de passar as férias, ou nos braços de alguém que ama.
– Ao pensar
neste local, continue adicionando detalhes sensoriais à cena para que a mente
fique envolvida por inteiro no ato de imaginar. Sinta-se à vontade para fechar
os olhos ou deixá-los abertos, embora os olhos cerrados facilitem o processo.
Pense no que você pode ver, cheirar, tocar, ouvir e provar nesse local seguro.
– Quando
perceber que a ansiedade está chegando, visualize o seu lugar seguro.
Imagine-se relaxado e tranquilo no cantinho que preparou. Ao relaxar mais, você
pode interromper a visualização.
– Também é
possível fazer algumas perguntas a si mesmo. Existe algum perigo real e
presente? Muito provavelmente, você está se fazendo perguntas que começam com
“e se” e entrando em pânico com algo que não aconteceu ainda e pode nem
acontecer. Perceba que está com medo, mas que não está em perigo. Retirar o
medo de cena ajuda a relaxar um pouco.
4. Escreva o que sente.
Caso você tenha tendência a ataques de pânico ou sensações de ansiedade, faça um diário onde possa escrever sobre os seus sentimentos. Fale sobre o que sente, o que teme, seus pensamentos e crenças sobre esse medo e a intensidade da experiência. A escrita o ajuda a concentrar-se nos pensamentos e a leitura ou rememoração posterior pode ajudar a controlar melhor a ansiedade.
– Você pode
achar no começo que parece que não há nada a dizer. Continue tentando examinar
as situações que provocam ansiedade. Quando se começa a praticar o relaxamento
e a análise das situações, é possível detectar pensamentos e emoções que ajudam
a aumentar a ansiedade.
– Pratique a
autocompaixão ao escrever no diário. Evite julgar você mesmo ou os seus
pensamentos. Lembre-se de que nem sempre é possível controlar os pensamentos e
sentimentos que surgem, e que eles não são “bons” ou “maus” por natureza. O que
você pode controlar são as reações.
5. Cuide do corpo.
O cuidado com a saúde física também ajuda no cuidado com a saúde mental. Os exercícios e a alimentação saudável não “curam” a ansiedade, mas ajudam a controlá-la.
– Faça um pouco
de exercício. Colocar o corpo em atividade, principalmente com exercícios
aeróbicos, libera endorfinas, que são responsáveis por aumentar a sensação de
paz e felicidade.
– Evite
estimulantes. Estimulantes como a cafeína e a nicotina podem deixá-lo nervoso e
tenso, além de agravar a ansiedade pré-existente.Algumas pessoas acreditam
erroneamente que fumar acalma os nervos, mas não é verdade. A dependência da
nicotina pode intensificar sentimentos de estresse e ansiedade quando a
substância está em falta, e fumar faz muito mal à saúde.
– Tenha uma
alimentação balanceada. Não existe “dieta mágica” que cure ou evite a
ansiedade. Porém, evitar alimentos processados e com alto conteúdo de açúcar
pode ajudar, assim como comer bastante carne magra, carboidratos complexos,
como cereais integrais, e frutas e legumes frescos.
6. Faça algo.
Ficar sentado, ruminando a ansiedade, só piora o seu estado e dificulta a superação do pânico. Distraia a mente e o corpo com alguma atividade: limpeza, desenho, ligação para um amigo, qualquer coisa que o mantenha ocupado. De preferência, faça algo de que goste, como um hobby.
– Experimente
tomar um banho quente de chuveiro ou na banheira. Estudos demonstram que a
sensação física provocada pelo calor tem um efeito calmante e relaxante em
muitas pessoas. Se quiser, adicione umas gotinhas de óleo de erva
cidreira, bergamota, jasmim ou lavanda. Esses óleos essenciais possuem um
efeito calmante.
7. Use a musicoterapia.
Faça uma lista de músicas que você possa ouvir para ajudar a relaxar e se sentir feliz. Então, quando você estiver ansioso, é possível ouvir música para se acalmar. Use fones de ouvido com cancelamento de ruído sempre que possível para se concentrar na música. Enquanto escuta, fique atento às partes diferentes sendo tocadas, à melodia e à letra sendo cantada. Assim, você afasta a sua mente do medo.
– Ouça canções
com batidas lentas (cerca de 60 por minuto) e letras relaxantes (ou até mesmo
sem letras).] Músicas
com batidas mais rápidas ou letras raivosas podem estressá-lo ainda mais.
8. Peça a
ajuda de um amigo.
Se você
estiver no meio de uma batalha contra a ansiedade e não conseguir superar,
chame um amigo ou familiar e peça ajuda. Peça para que eles o distraiam do
pânico e analisem o seu medo para que se possa superar o estresse. Caso você
tenha tendência a ataques de pânico, treine um amigo e ensine-o os meios
diferentes de abordar e tratar as crises para poder contar com ele para uma
ajuda.
Método
III – Buscando ajuda profissional
1.
Vá a um terapeuta.
Se os seus ataques de pânico forem muito graves e durarem muito tempo, vá a um profissional especializado em saúde mental para aconselhamento e terapia. Você pode ter síndrome do pânico ou transtorno de ansiedade generalizada, que podem ser ambos tratados por um profissional.
– Um dos
tratamentos mais comuns e eficazes é a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC).
Este tipo de terapia é focado no ensino de como identificar e substituir modos
negativos de pensar e de reagir a situações. Você aprende a reconhecer quando
os pensamentos não condizem com os fatos e quais são as maneiras úteis de
pensar e reagir.
– Em alguns casos, o médico ou
psiquiatra pode receitar medicações que controlam a ansiedade se outros métodos
não tiverem dado resultados aparentes.
2. Converse com o
médico.
Em algumas comunidades, pode ser difícil encontrar um profissional especializado em saúde mental licenciado, principalmente se você não tiver muito dinheiro ou se o plano de saúde for limitado. A maioria dos médicos não pode oferecer psicoterapia – com exceção dos psiquiatras, mas eles podem diagnosticar alguns problemas, como ansiedade e depressão, e prescrever medicações.
– Médicos de família também podem dar
referências de especialistas em saúde mental da região.
3. Procure clínicas comunitárias e outros recursos.
Caso não possa bancar o tratamento e a terapia, procure opções locais de baixo custo. Há várias alternativas que se pode encontrar.
– Procure o
CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) local, que oferece atendimento gratuito.
Procure diretamente o serviço ou vá a uma Unidade Básica de Saúde para obter um
encaminhamento.
– Pesquise
terapeutas que ofereçam consultas a preços populares. Alguns profissionais
oferecem esse tipo de desconto para os que não têm condições financeiras.
– Muitas
faculdades e universidades oferecem atendimento psicológico e psiquiátrico. Às
vezes, estes são reservados para estudantes, mas algumas instituições maiores
podem oferecer também clínicas comunitárias, onde estudantes da área de saúde
mental em treinamento atendem sob supervisão de um profissional. Estes locais
costumam ser bem em conta ou até mesmo gratuitos.
Método IV – Identificando um ataque de pânico
1. Observe os sintomas físicos.
Ataques de pânico podem acontecer com qualquer um, mas são muito mais comuns em pessoas com síndrome do pânico, um transtorno de ansiedade caracterizado por crises frequentes de medo e ansiedade intensos. Eles podem ser provocados por praticamente qualquer situação, não só as perigosas ou ameaçadoras. Os sintomas físicos de um ataque de pânico incluem:
– Dor no peito. A dor costuma ser
localizada, em vez de irradiar pelo lado esquerdo do corpo, como acontece em um
ataque cardíaco.
– Tontura ou desmaio
– Asfixia
– Náusea ou vômitos. O vômito é menos
frequente em ataques de pânico do que em ataques cardíacos.
– Dormência ou formigamento
– Batimentos cardíacos acelerados
– Respiração ofegante
– Suor, pele pegajosa, ou ondas de
calor
– Tremores
2. Veja se há
outros sintomas.
Além dos sintomas físicos, os ataques de pânico costumam ser acompanhados por outras sensações. Elas podem incluir:
– Sensação intensa de medo
– Medo de morrer
– Medo de perder o controle
– Sensação de pessimismo
– Sensação de indiferença
– Sensação de irrealidade
3. Faça a distinção
entre um ataque de pânico e um ataque cardíaco.
Os sintomas destes dois ataques são bem parecidos e muitos coincidem. Caso você tenha qualquer dúvida entre os dois, chame o serviço de emergência. Os sintomas de um ataque do coração são:
– Dor no peito. Em ataques cardíacos,
a dor se assemelha a uma sensação de pressão, congestão ou aperto. Geralmente,
ela dura mais do que alguns minutos.
– Dor no tórax. A dor irradia para os
braços, costas, pescoço, maxilar ou barriga em um ataque cardíaco.
– Respiração curta. Este sintoma pode
aparecer antes da dor no peito.
– Ansiedade. Você pode sentir medo ou
sensação de morte.
– Tontura ou desmaio
– Suor
– Náusea ou vômito. Os ataques do
coração têm mais chances de causar vômito do que os de pânico.
4. Diferencie a
ansiedade do ataque de pânico.
Todo mundo fica estressado, ou até mesmo ansioso em excesso, de vez em quando. No entanto, para a maior parte das pessoas, esta ansiedade é provocada por um evento ou situação específica, como ter que fazer uma prova importante ou tomar uma decisão significativa. Ela costuma desaparecer quando a situação é resolvida. Quem sofre de transtornos de ansiedade fica ansioso com mais frequência e com mais intensidade do que os outros. As pessoas que têm síndrome do pânico sofrem de ataques de pânico constantes e severos.
– Uma crise geralmente atinge o pico
em 10 minutos, embora alguns sintomas possam permanecer por mais
tempo. Sensações de estresse e ansiedade mais generalizados podem ter uma
duração maior, mas com menos intensidade.
– Um ataque de pânico não precisa de
um gatilho específico. Ele parece vir do nada.
Dicas
– A camomila ajuda algumas pessoas a
ficar relaxadas e calmas. Porém, alguns podem ser alérgicos a ela, além do que
a planta pode ter interações com medicamentos, então é uma boa consultar o
médico antes de tomar camomila.
– Caso a sua crise aconteça de madrugada,
ande pelo quarto e respire fundo, inspirando e expirando.
– Faça exercícios com regularidade e
aprenda técnicas de relaxamento que sejam eficazes na redução do estresse, e
assim você vai dormir bem e bastante. Uma boa noite de sono é de primeira
necessidade para quem tem ansiedade e não deve ser pulada de propósito.
– Mesmo que seja óbvio para algumas
pessoas, sempre se lembre de que a família tem o papel de amar, cuidar e dar
apoio. Não tenha medo de falar com eles sobre os problemas, mesmo que seja
constrangedor para você.
– Não tente dormir se estiver no meio
de um ataque de pânico, pois o alto nível de estresse pode dificultar o sono.
Se você tentar relaxar, pelo menos um pouco (por meio da respiração profunda ou
outra técnica), antes de dormir, os efeitos tanto da técnica de relaxamento
quanto da noite bem dormida podem ajudá-lo a se acalmar muito.
Avisos
– Caso os ataques sejam frequentes, o
melhor a fazer é procurar ajuda profissional o quanto antes. Postergar o
tratamento apenas agrava o problema.
– Se você não tiver certeza se está
tendo um ataque de pânico ou um infarto, procure a emergência na hora.
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