Nascemos
para ser tocados. Precisamos que nos toquem. Dependemos disso para viver em
paz. E somos infinitamente mais felizes quando recebemos de cada relação
afetiva a quantidade certa de abraços, beijos e outros gestos de afeto. Disso
quase toda a gente sabe. Mas até que ponto estamos conscientes do PODER do
toque? Será que valorizamos na medida certa os gestos de afeto?
Instintivamente,
(quase) todos os pais e mães que conheço tocam com frequência e com carinho nos
seus bebés. Dão-lhes colo, fazem festas e enchem-nos de beijinhos. Há uma
hormona que dá uma ajudinha neste processo de ligação – a oxitocina. E ainda
bem que assim é. Afinal, o toque é o primeiro sentido a ser desenvolvido e é a
forma de mostrarmos aos nossos bebés que gostamos deles. Sabia, por exemplo,
que as crianças que recebem poucos gestos de afeto sofrem um forte impacto ao
nível do seu desenvolvimento? É verdade! Precisamos – literalmente – que nos
toquem para que possamos desenvolver-nos – física e emocionalmente- de forma
saudável.
E na
idade adulta? Que poder têm estes gestos? Serão igualmente poderosos? Sem
dúvida! As investigações feitas nesta área mostram, por exemplo, que o toque
tem um poder terapêutico e que é muito mais provável que encaremos alguns
tratamentos mais invasivos como menos dolorosos quando há alguém de quem
gostamos a segurar a nossa mão. Isso é visível nos tratamentos oncológicos, por
exemplo. Não é magia. É amor!
Mas há
mais. Há muito mais. Se estivermos descontrolados, há uma probabilidade muito
maior de sermos capazes de controlar a nossa fúria ou a nossa ansiedade se
houver alguém de quem gostamos a tocar-nos. Às vezes basta passar a mão pelo
rosto ou pelo braço da outra pessoa para observar mudanças que não ocorreriam
com a toma de um calmante.
É através
do toque – mais do que através de palavras – que dizemos “gosto de ti”. É
através do toque que nos ligamos, que criamos laços afetivos. É por isso que
nenhuma relação amorosa está realmente segura se não houver miminhos com
regularidade. Sabia que os casais que raramente se tocam estão muito mais
vulneráveis ao divórcio? Ou que as pessoas que recebem abraços, massagens nas
costas e beijos na boca com frequência têm menor probabilidade de sofrer de
hipertensão arterial?
O toque é
poderoso desde o dia em que nascemos até ao dia em que morremos. Sabia que os
idosos se sentem muitas vezes indesejados ou “a mais” simplesmente porque já
não há quem lhes dê estes mimos? Ou que a mortalidade é muito maior entre
aqueles que não são abraçados com frequência?
Nós não
permitimos que qualquer pessoa nos toque. Não andamos por aí a distribuir
abraços. Mas talvez devamos parar para pensar se temos distribuído bem os
nossos gestos de afeto. Afinal, todas as pessoas de quem gostamos merecem
sentir os efeitos positivos do nosso toque. Ou não?
Fonte: Revista
Pazes
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