Querido(a)
leitor(a), não faço ideia de como este texto irá te encontrar, mas, tenho
certeza de que ele vai te deixar inquieto(a) durante, e, principalmente, após a
leitura.
É possível que ele seja
lido por pessoas que estejam vivendo a sua plenitude, como pode ocorrer de ele
cair nas mãos de pessoas que tenham sido diagnosticadas com
depressão e estejam tomando, diariamente, medicamentos antidepressivo e que
regulem o sono. Deixo bem claro que, longe de mim, criticar a atuação da
psiquiatria, tampouco me oponho ao uso dos medicamentos para os transtornos
emocionais.
O que pretendo aqui,
é chamar a atenção para a vida que você está vivendo, no sentido de identificar
se ela está conforme aquilo que constitui a sua essência. Alguém duvida que uma
vida satisfatória é um verdadeiro antídoto para a depressão e outras patologias
emocionais e físicas? É delicado tratar sobre isso, eu tenho consciência,
mas é uma realidade que, talvez esteja mascarada. Sabe, eu acredito que muitas
doenças emocionais estão vinculadas à uma vida infeliz, vida essa que não está
sendo vivida de acordo com aquilo que foi, digamos, programada, para a pessoa
viver.
Pensem comigo, como
uma pessoa vai manter a própria saúde emocional em dia, se ela trabalha com
algo que não a faz sentir-se realizada? Eu estou sendo generosa nessa questão,
afinal, existem pessoas que odeiam o que fazem. Diga-me, como alguém será
emocionalmente saudável se vive um relacionamento infeliz e frustrado?
Acredito que cada
pessoa possua, no mínimo, uma paixão específica, e essa paixão é a senha de
acesso para a imunidade emocional dela. Sim, acredito piamente que cada um de
nós nascemos dotados de uma habilidade ou aptidão que precisa ser vivida na sua
integralidade. E praticar essa habilidade proporcionará, à pessoa, aquela
dose de satisfação que vai atuar como um bálsamo para que ela enfrente os
demais percalços da vida sem adoecer emocionalmente. É como se a gratidão por
fazer algo que realmente gosta causasse uma imunidade contra patologias que
afetam as emoções.
É
aquela questão da compensação, ou seja, ainda que tenhamos que fazer algo
que não gostamos, teremos o conforto da certeza de que, em algum momento,
iremos fazer algo que realmente nos apaixona. Precisamos de prazer para viver,
precisamos nos sentir úteis, precisamos nos sentir integrados, precisamos viver
essa sensação de pertencimento. Ocorre que, infelizmente, é possível que uma
pessoa viva uma vida inteira sem ter contato com aquilo que poderia ter evitado
uma depressão. Então, leitor querido, responda a si mesmo, você está vivendo a
sua paixão ou suas paixões? Você está se presenteando com aquilo que faz os
seus olhos brilharem? Você, ao menos, já identificou a sua possível paixão
nessa vida? Cozinhar, dançar, escrever, pintar, cantar, ensinar, plantar, a
maternidade, a paternidade, enfim, o que faz sua alma sorrir?
É possível, ainda,
que você tenha consciência da sua paixão nessa vida, mas por alguma razão, não
permitiu que ela viesse à tona e que se expressasse de forma plena. Quem sabe,
a pessoa com a qual você se relaciona te oprimiu ao ponto de te fazer abrir mão
de algo que gosta tanto. Sim, isso acontece, conheço uma mulher que é
apaixonada por dança de salão, mas o parceiro não permite que ela
expresse essa arte tão linda por ciúmes, afinal, ela vai chamar a atenção,
entende? Não? Eu também acho um absurdo, mas fazer o quê?
Creio que não seria
absurdo afirmar que boa parte das doenças emocionais são oriundas das insatisfações.
É preciso compreender, de uma vez por todas, que nenhum medicamento substitui a
eficácia dos hormônios que são liberados pela satisfação. Os medicamentos são
bengalas, eles não atuam na alma, eles não fazem os olhos brilharem. Os
medicamentos não dão sentido à vida, eles apenas anestesiam as dores de uma
vida desconectada da própria essência.
Há casos em que uma
pessoa é curada da depressão simplesmente por ter saído de um relacionamento
infeliz, outras, são curadas porque começaram a trabalhar e passaram a se
sentir produtivas. Não importa o que seja, mas uma pessoa precisa sentir a
alegria de realizar algo que realmente gosta.
Identificar uma
paixão e investir nela é algo emergencial, eu penso. É investir em saúde e
qualidade de vida, é dar sentido à própria vida, é fazer a vida valer a pena. É
recusar a viver por viver. É dar forma e vazão ao que pulsa na alma.
Existem muitas
pessoas diagnosticadas com doenças emocionais que, acredito, seriam curadas se
tivessem a possibilidade de entrar em contato com aquilo que lateja na alma
dela, ou, que talvez, ainda esteja adormecido nela. Existem muitos medicamentos
que poderiam ser substituídos por abraços, toques, carinhos, afeto. Existem
medicamentos que poderiam ser trocados por pinturas, jardinagens e culinárias
criativas. Existem medicamentos que poderiam ceder o lugar para um trabalho
voluntário que multiplicasse sorrisos e gratidão. Os meus medicamentos, eu
troquei por textos, poesias e uma faculdade de Psicologia. Isso mesmo, escrever
é uma das minhas paixões viscerais. Torço que caso você ainda não esteja
vivendo a sua paixão, que você ainda tenha tempo de vivê-la.
Em tempo, deixo claro
que não estou reduzindo as doenças emocionais ao fato de uma pessoa não fazer o
que gosta, mas é fato que boa parte delas tem estreita relação com isso.
Fonte: Psiconlinews
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