Entre as muitas competências exigidas
pelo mercado que não são ensinadas na faculdade, a inteligência emocional é uma
das mais importantes. “Desde cedo, a escola nos ensina a valorizar apenas os
conhecimentos gerais, como história e geografia, ou então a inteligência
lógico-matemática, deixando as emoções de lado”, afirma João Marcelo Furlan,
CEO da Enora Leaders.
Excluído das salas de aula, o tema acaba
cercado de dúvidas e mal-entendidos, o que cria uma lacuna importante no futuro
profissional dos alunos. O maior problema, segundo Furlan, é que a maioria das
pessoas ignora o valor do QE (Quociente Emocional) e ainda enxerga o famoso QI
como o principal ingrediente para o sucesso.
Essa percepção é contrariada por
pesquisas sobre o assunto. Um levantamento da consultoria TalentSmart, por
exemplo, mostrou que 90% dos profissionais com alto desempenho têm uma boa
gestão de suas emoções. Entre aqueles que têm baixa performance, apenas 20% têm
uma nota alta em QE.
“Costuma-se dizer que as empresas contratam
pelo QI, e demitem pelo QE”, diz Furlan. Isso porque as competências emocionais
definem como o profissional vai se relacionar com a equipe e lidar com pressões
e dificuldades – fatores essenciais para continuar empregado ou até ser
promovido.
O desconhecimento geral sobre o assunto
faz com que muitos percam a oportunidade de usar as próprias emoções a seu
favor no trabalho. Diante disso, EXAME.com perguntou a especialistas quais são
alguns dos mitos mais comuns sobre o tema. Veja a seguir:
1.
Significa evitar emoções
Um dos grandes mal-entendidos sobre
inteligência emocional é associá-la à necessidade de reprimir o que se sente. É
bem o contrário, diz o consultor Minoru Ueda, autor do livro “Competência
emocional: quanto antes, melhor!” (Editora Qualitymark). “Você não deve punir
as suas emoções, mas sim observá-las, avaliá-las e educá-las”, explica.
2.
Significa ser emotivo
No extremo oposto, muita gente também
pensa que a competência tem a ver com expressar emoções na frente de todos ou
chorar com frequência. Não é nada disso: segundo Furlan, trata-se de controlar
a manifestação das emoções – e mesmo adiá-las, se necessário. Na verdade,
pessoas que se expõem descontroladamente são justamente as menos inteligentes
do ponto de vista emocional.
3.
É assunto para livros de autoajuda
Ueda diz que muitas pessoas ignoram a
natureza científica do tema. “Como tem a ver com emoções, logo pensam que se
trata de autoajuda”, explica o consultor. Não é a realidade. Discutido desde os
anos 1960, o conceito se popularizou com a publicação do livro seminal do
psicólogo Daniel Goleman, “Inteligência emocional”, de 1995. Desde então, tem
sido pauta de pesquisas e produções acadêmicas em todo o mundo.
4.
É um talento inato
É verdade que algumas pessoas têm uma
tendência natural a lidar bem com emoções próprias ou alheias. Isso não
significa, porém, que a competência seja um “dom”. “É algo perfeitamente
treinável”, diz Ueda. “Qualquer um pode desenvolver essa capacidade a partir do
momento em que perceber o benefício para si próprio e para os outros”.
5.
Pode ser adquirida em cursos
Não há dúvidas de que a inteligência
emocional está ao alcance de todos. Mas, ao contrário de outras competências,
ela não pode ser aprendida em cursos, livros ou palestras. De acordo com
Furlan, a aprendizagem passa necessariamente pela experiência prática, no
cotidiano, com outras pessoas. Para se capacitar, diz ele, a teoria é
insuficiente: é preciso vivenciar suas próprias emoções, observar as alheias e
refletir sobre elas continuamente.
Texto: Claudia Gasparini
Fonte: Exame.com
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